
Por Adu Verbis
Não estou aqui impondo conceitos contra as mulheres, ou contra seus direitos, ou contra o fato de as mulheres se reinventarem enquanto seres humanos; mas alertando para o fato de que não devemos criar uma nova ditadura, uma ditadura feminina, assim como vivíamos com a ditadura do masculino, onde o homem era isso, o homem é aquilo, e o homem tudo podia. Não podemos criar valores fantasiosos em relação às mulheres. Que as mulheres tiveram, e têm, um papel importante na história humana, isso é inegável. O mundo contemporâneo, para corrigir a pendência sociocultural com as mulheres, passou a criar termos de fácil assimilação, que projetam na mulher um valor exagerado, o que acaba se transformando em rótulos e clichês que não contribuem para o real empoderamento feminino.
Eu não vejo sentido em algumas teorias que surgem como se fossem verdades absolutas, colocando as mulheres acima dos homens, da mesma forma que certos conceitos criados no passado colocaram os homens acima das mulheres. Na vida real, fora dos conceitos idealizados, não podemos afirmar que a mulher é mais sensível, que a mulher no governo fará tudo ser diferente, que a mulher no poder acabará com a fome, a guerra e que o mundo será melhor. Que aquilo que a mulher é e faz é mais importante do que as coisas dos homens.
É comum ouvir de psicólogos, psicanalistas e outros pensadores que, sem a mulher, a humanidade ainda estaria na Idade da Pedra. Porém, as coisas não são bem assim. A contribuição da mulher para o desenvolvimento humano é de valor estimável, e não inestimável; a contribuição das mulheres para o desenvolvimento cultural da humanidade não está acima do que o homem pode oferecer, desde que ele se desconstrua de suas ideias errôneas.
Não podemos esquecer que a vida é feita de detalhes, e esses detalhes são apreendidos tanto por homens quanto por mulheres. Principalmente agora, em uma sociedade que oscila entre valores irrecíprocos, é o momento de descartarmos aquilo que realmente não serve à humanidade. Não é por meio de rótulos e clichês que chegaremos à essência da mulher. Não é incentivando uma ditadura de comportamentos que encontraremos verdades. Mas, se lutarmos contra a violência contra a mulher e pela igualdade, já estaremos fazendo muito de maneira direta, sem clichês que não ajudam em nada.