
Quando pensamos em filmes de western, sempre lembramos de Samuel Fuller, John Wayne, Clint Eastwood e John Ford, mas raramente de Gregory Peck ou Jennifer Jones. Pois bem, Duelo en el Sol (1946), de King Vidor, tem a estética do western, mas vai além dos clichês do gênero.
O filme, baseado no livro de Niven Busch, remete ao relato bíblico de Caim e Abel, com roteiro de David O. Selznick. Apesar do conflito entre o Bem e o Mal, não se trata de um filme maniqueísta. O que está em jogo em sua dramaturgia é a dualidade entre Bem e Mal enquanto conceito metafísico, e não como essências fixas. Tanto que, no desfecho, há uma comunhão entre aquilo que, à primeira vista, parecia ser apenas a representação do Mal. O filme não se resume à vitória de um sobre o outro, mas sim ao encontro de forças que, em essência, são uma só — ainda que manipuladas no jogo entre Bem e Mal.
Deixo aqui uma versão dublada em espanhol, falada no sotaque mexicano, o que confere ao filme uma pitada de drama latino-americano.