sábado, 31 de outubro de 2009

LAUTREÁMONT - CANTO PRIMEIRO



“Queria eu que o leitor, tornado audaz e momentaneamente feroz, à semelhança do que lê, encontre, sem se desorientar, o seu caminho abrupto e selvagem através dos lodaçais desolados destas páginas sombrias e cheias de veneno; pois, a não ser que utilize na sua leitura uma lógica rigorosa e uma tensão de espírito, pelo menos igual à sua desconfiança, as emanações mortais deste livro irão embeber-lhe a alma, como a água ao açúcar.” Este é um pequeno trecho do livro Cantos de Maldoror, de Isidore Ducasse, ou seja, Lautréamont, um dos escritores mais instigantes de todos os tempos. Um livro obrigatório para quem pensa em atravessar o pântano da literatura ou simplesmente viver a experiência da leitura; pois, este livro pode abrir os sentidos para uma verdadeira obra literária.

sexta-feira, 10 de julho de 2009

PINA BAUSCH 1940 + 2009

O corpo para Pina Bausch era um fragmento de um momento ainda por vir.Uma matéria que flutuava num mundo onde a gravidade era pura poesia.O corpo para Pina Bausch era a lembrança dos primeiros gestos da protovida no planeta terra.

quinta-feira, 11 de junho de 2009

OS FALOS



Que Touro Perverso
Estuprou
O Macho Toureiro
Inculta Vaidade
Beijos Melados
Na Pele Sangrenta
Que Touro Perverso
Estuprou
O Macho Toureiro.

segunda-feira, 27 de abril de 2009

CHEGA DE CLICHÊS



Por Adu Verbis

Não estou aqui impondo conceitos contra as mulheres, ou contra seus direitos, ou contra o fato de as mulheres se reinventarem enquanto seres humanos; mas alertando para o fato de que não devemos criar uma nova ditadura, uma ditadura feminina, assim como vivíamos com a ditadura do masculino, onde o homem era isso, o homem é aquilo, e o homem tudo podia. Não podemos criar valores fantasiosos em relação às mulheres. Que as mulheres tiveram, e têm, um papel importante na história humana, isso é inegável. O mundo contemporâneo, para corrigir a pendência sociocultural com as mulheres, passou a criar termos de fácil assimilação, que projetam na mulher um valor exagerado, o que acaba se transformando em rótulos e clichês que não contribuem para o real empoderamento feminino. 

Eu não vejo sentido em algumas teorias que surgem como se fossem verdades absolutas, colocando as mulheres acima dos homens, da mesma forma que certos conceitos criados no passado colocaram os homens acima das mulheres. Na vida real, fora dos conceitos idealizados, não podemos afirmar que a mulher é mais sensível, que a mulher no governo fará tudo ser diferente, que a mulher no poder acabará com a fome, a guerra e que o mundo será melhor. Que aquilo que a mulher é e faz é mais importante do que as coisas dos homens.

É comum ouvir de psicólogos, psicanalistas e outros pensadores que, sem a mulher, a humanidade ainda estaria na Idade da Pedra. Porém, as coisas não são bem assim. A contribuição da mulher para o desenvolvimento humano é de valor estimável, e não inestimável; a contribuição das mulheres para o desenvolvimento cultural da humanidade não está acima do que o homem pode oferecer, desde que ele se desconstrua de suas ideias errôneas.

Não podemos esquecer que a vida é feita de detalhes, e esses detalhes são apreendidos tanto por homens quanto por mulheres. Principalmente agora, em uma sociedade que oscila entre valores irrecíprocos, é o momento de descartarmos aquilo que realmente não serve à humanidade. Não é por meio de rótulos e clichês que chegaremos à essência da mulher. Não é incentivando uma ditadura de comportamentos que encontraremos verdades. Mas, se lutarmos contra a violência contra a mulher e pela igualdade, já estaremos fazendo muito de maneira direta, sem clichês que não ajudam em nada.

segunda-feira, 30 de março de 2009

QUAL O TAMANHO DA FOME HUMANA?





É consenso pensar que, no reino animal, não se mata, mas se caça uma presa para se alimentar. A presa não está sendo morta; ela está sob as regras da Natureza. O animal está obedecendo ao processo natural de sobrevivência. A presa, que foi devorada pelo instinto de sobrevivência de uma espécie, se transformará em substratos que alimentarão as cadeias naturais e seus processos, fechando assim um ciclo natural. A fome dos animais, perto da fome humana, é ínfima. Um animal selvagem e irracional pode passar dias sem se alimentar, já o animal racional e civilizado não aguenta vinte e quatro horas sem comida. 

Pois, será que ele não fica sem se alimentar porque tem fome, ou porque a sua condição de ser racional está acima das outras espécies? A fome humana não se limita a um instinto de sobrevivência. A fome humana tem dimensões psicológicas e instintivas, que vão além das leis da sobrevivência. Quando o homem está matando uma foca indefesa, ele está matando a própria fome, independentemente da função que o homem venha a dar à foca; a foca morta estará saciando a fome do homem. Porque toda atividade humana tem como objetivo matar a própria fome. Criar beleza é matar a própria fome por beleza. Criar leis é matar a própria fome por poder, e, às vezes, essas leis operam também em prol de justiça. Criar riqueza é matar a própria fome por bens materiais. Criar religiões é matar a própria fome por fé.

Portanto, essa carência humana precisa ser monitorada constantemente, para que o ser humano não devore uns aos outros de forma irracional. Se há, de fato, um instinto que regula as necessidades dos seres vivos na Terra, o instinto humano é um dos mais dúbios. O tênue limite entre racionalidade e irracionalidade confere ao ser humano a qualidade de uma espécie mais forte, e, como espécie mais forte, precisa se alimentar para se manter no topo da hierarquia; porém, a fome humana é ilimitada. Talvez a fome humana tenha uma função na cadeia natural. A Natureza não é um núcleo acabado, mas sim um processo em curso e decurso.

terça-feira, 24 de março de 2009

KAIRO - DE KIYOSHI KUROSAWA

Depois de ficar um bom tempo sem escutar música, agora estou há um bom tempo sem ir ao cinema. Entretanto, não deixei de ver os trailers dos filmes. As razões que me levaram a ficar sem escutar música e a deixar de ir ao cinema são claras para mim; porém, permanecerão em silêncio. Não sou do tipo que acha que tudo tem um motivo e, por isso, merece uma teoria; não quero falar sobre as razões que me afastaram temporariamente da música e agora das salas de cinema. Apesar de ser um bom tema, não tenho a menor intenção de me estender sobre ele, nem de escrever a respeito. Portanto, deixo o filme Kairo, do diretor Kiyoshi Kurosawa.