O Brasil é um país onde, a cada troca de governo, as políticas – já frágeis – não são aprimoradas, e as que funcionam são destruídas pelo capricho ideológico de quem recebeu do povo o poder de representá-lo. O Estado brasileiro, falho por natureza, se torna ainda mais vulnerável pelas mãos dos próprios políticos, abrindo espaço para predadores e oportunistas que jogam contra o país com suas falas – às vezes burras, outras vezes fantasiosas e carregada de uma dialogia que força a barra para fazer algum sentido.
É nesse jogo de ruínas que se insere a burrice dialógica de Eduardo Bolsonaro e a decisão de Jean Wyllys de se exilar. Por mais que houvesse razões para Wyllys deixar o Brasil, mas a sua atitude, assim como a de Eduardo Bolsonaro, também carregava um histerismo retórico. Pois bem, vamos analisar os contextos de Jean Wyllys e Eduardo Bolsonaro.
Jean Wyllys (2019):
Jean Wyllys, deputado federal pelo PSOL e ativista dos direitos LGBTQIA+, anunciou em janeiro de 2019 que não assumiria seu terceiro mandato e que deixaria o Brasil devido a ameaças de morte. Essas ameaças se intensificaram após o assassinato da vereadora Marielle Franco, sua colega de partido, em março de 2018. Segundo Wyllys, o aumento da violência e a ascensão de grupos ultraconservadores após a eleição de Jair Bolsonaro contribuíram para sua decisão de se exilar. Ele também mencionou que a suposta ligação da família Bolsonaro com milícias pesou em sua escolha de deixar o país.
Eduardo Bolsonaro (2025):
Eduardo Bolsonaro, filho do ex-presidente Jair Bolsonaro e deputado federal, anunciou em março de 2025 sua licença temporária do cargo e sua mudança para os Estados Unidos. Seu objetivo declarado é buscar apoio internacional contra o que considera perseguição à sua família e aliados, além de pressionar por sanções contra autoridades brasileiras que investigam seu pai por suposta tentativa de golpe de Estado. Eduardo também pretende articular uma possível anistia para os envolvidos nos atos de 8 de janeiro de 2023, quando apoiadores de Bolsonaro invadiram prédios governamentais em Brasília.
Motivações:
Jean Wyllys deixou o Brasil devido a ameaças diretas à sua vida, refletindo o clima de violência política e intolerância, especialmente contra minorias e defensores de direitos humanos. Em contrapartida, Eduardo Bolsonaro saiu para buscar apoio internacional em defesa de seu pai e aliados, que enfrentam investigações e acusações de tentativa de golpe.
Contexto Político:
Wyllys saiu durante o início do governo Bolsonaro, um período marcado por forte polarização política e crescimento de discursos conservadores. Eduardo, por sua vez, deixou o Brasil após a derrota de seu pai nas eleições de 2022 e em meio a investigações sobre possíveis ações antidemocráticas ligadas ao ex-presidente.
Destino e Objetivos:
Jean Wyllys buscou segurança pessoal no exterior, inicialmente na Alemanha, recusando asilo político da França, e posteriormente se estabelecendo na Espanha para continuar seus estudos e atividades acadêmicas. Eduardo Bolsonaro mudou-se para os EUA com a intenção de mobilizar apoio político e pressionar contra as investigações que envolvem sua família no Brasil.
Vamos fechar:
Enquanto Jean Wyllys deixou o Brasil por questões de segurança pessoal diante de ameaças, Eduardo Bolsonaro saiu com a intenção de articular apoio político internacional para defender seu grupo, que enfrenta acusações graves no país. Em ambos os casos, suas saídas refletem não apenas trajetórias individuais, mas também o contexto político conturbado do Brasil nos últimos anos.
No entanto, as razões de Wyllys estão ancoradas em fatos, enquanto Eduardo Bolsonaro constrói enredos para sustentar a ideia de perseguição por parte das mesmas instituições que sua família quis – e tentou — destruir. Ironicamente, são essas instituições que têm a obrigação de preservar a Constituição e a democracia.
Nenhum comentário:
Postar um comentário